Como calcular o preço de projeto de arquitetura e design de interiores. Como calcular o preço de projetos de engenharia.
Como calcular o preço de projeto de arquitetura ou de engenharia sempre foi um tema muito discutido nos círculos profissionais e, apesar de antigo, ainda gera muita discussão e dúvida entre os arquitetos, engenheiros e designers.
Embora exista vasto material sobre o assunto como, por exemplo, o recentemente lançado Manual de Procedimentos do IAB e as tabelas de honorários do CREA, SINAENCO e ABD, os profissionais ainda questionam os valores praticados no mercado e a discussão sobre o assunto gera polêmica.
Grande parte da polêmica se dá porque as discussões não dão espaço ao entendimento dos diferentes “contextos de negócio” envolvidos na formulação do preço do projeto ou serviço.
Por isso, antes de se irritar com profissionais que cobram preços muito baixos ou ficar frustrado em perceber que as tabelas de honorários geram preços impraticáveis no seu caso, pense sobre o seu contexto de negócio e sobre qual seria o preço certo para o seu serviço.
Abaixo apresento 4 dicas importantes sobre como calcular o preço de projeto de arquitetura, ou engenharia, para contribuir na formulação de preços de projetos em seu escritório:
1. Conheça os custos internos do seu negócio
Cada empresa, escritório ou ateliê tem a sua própria estrutura de custo. Isso significa que os valores pagos em salários, aluguéis e outros são diferentes em cada empresa e que a proporção entre eles também.
Por isso, o correto é sempre contabilizar, analisar e compreender os custos do seu próprio negócio para poder tomar as decisões corretas, seja para compor o preço do seu serviço ou para entender se seu escritório é competitivo frente às referências de mercado.
As tabelas de mercado e os coeficientes-padrão utilizados para calcular o preço do projeto como os Ks e o BDI devem ser usados apenas como parâmetros e referências, e não como fatores exclusivos e definitivos do preço final de venda.
2. Saiba a produtividade da sua equipe
Cada empresa apresenta produtividade única. Uma maior ou menor produtividade está ligada tanto ao desempenho dos profissionais quanto à otimização dos processos internos.
As tabelas de mercado sempre consideram produtividades médias para chegarem aos seus valores. Se uma empresa é mais produtiva que a média, ao usar as tabelas para cálculo de custo/preço de projeto, estará perdendo a chance de oferecer um preço mais competitivo que a média do mercado. Se uma empresa tem produtividade menor que a média, ao usar tabelas estará praticando um preço que tem grande chance de reverter prejuízo para a empresa.
Sendo assim, um preço correto também depende de um entendimento preciso da produtividade da equipe interna. Somente com o entendimento dessa produtividade é possível estimar o tempo gasto em cada projeto, os custos envolvidos e, consequentemente, o preço adequado.
3. Pesquise os preços de mercado
Os especialistas em marketing sabem que o preço certo de um produto ou serviço é o preço que o mercado está disposto a pagar e não o preço de custo mais uma margem padrão (conhecido como mark-up).
Apesar dessa metodologia ser usada na construção civil e ser padrão principalmente nos segmentos de grandes empreendimentos, ela não funciona adequadamente para todos os nichos de mercado.
Nos casos de projetos especiais, com alto grau de exclusividade e sofisticação, por exemplo, onde o valor agregado está na diferenciação ou status gerado pela assinatura do autor, o preço do projeto não é referenciado nos custos de produção e sim no valor intrínseco da marca.
Isto é, em termos de volume de trabalho ou custo, o projeto de uma mesma casa pode ser semelhante em dois escritórios. Porém, um pode cobrar pelo mesmo projeto o dobro do outro, dependendo do seu posicionamento de mercado.
Portanto, conheça seu mercado, clientes e concorrentes diretos (que atuam no mesmo nicho que sua empresa). Eles serão melhor referência de preço de projeto do que qualquer tabela ou manual. Nesse caso, os cálculos anteriormente citados servirão apenas como importantes parâmetros de preços mínimos – que estabelecem limites para não se ter prejuízos no projeto.
4. Diferencie cobrança e valor
Muitas vezes escuto a insistente frase “tem que cobrar pelo projeto”.
Na prática, essa afirmação deve ser mais esclarecida – principalmente para aqueles que estão abrindo seus mercados.
Um projeto sempre tem valor. (Leia também: Saiba como vender o valor do seu projeto). Talvez, em algum momento da carreira, o profissional abrirá mão de cobrar honorários não porque está dando o projeto de graça, mas porque o cliente em questão é um investimento para a composição de um portfólio, para uma carta de referência ou, simplesmente, para se construir uma relação.
Sendo assim, no contexto do seu negócio, muitas vezes abrir mão da cobrança não significa abrir mão do valor do seu projeto.
Também, em algumas situações os detalhamentos de projetos (principalmente de interiores residenciais) são substituídos por acompanhamento em obra, o que reduz o tempo gasto e o custo com a produção dos projetos e desloca o valor, preço do serviço, para o serviço de acompanhamento de obra.
Seguindo essas dicas você com certeza terá maior competitividade e lucros em seu negócio.
Por Joaquim Alvarenga Neto
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