Alvarenga Neto Consultoria

Quantitativos no Orçamento 5D

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A “quantificação automática e precisa” para orçamento de obras é, sem dúvida alguma, um argumento e tanto para que se adote o uso do BIM. É inclusive um dos mais repetidos.

Essa afirmativa, ouvida em 2012, também me encantou e saí em busca de saber mais sobre a novidade, já que dizia respeito à minha atividade profissional.

Mesmo com workshops, cursos, treinamentos, congressos, palestras e leitura/estudo de muitas, muitas publicações técnicas (artigos, manuais, livros), sou uma neófita em BIM (5 anos).

Mas na Engenharia de Custos, depois de 35 anos de atividades, sinto-me confortável em fazer algumas observações sobre a afirmação que inicia este texto.

É preciso deixar claro que o orçamento lida com quantidade de serviços, e que serviços estão relacionados com a mão de obra que os executa, consumindo horas-homem.

E aí surge um conceito extremamente importante para o orçamento: o Critério de Medição e Remuneração (CMR) de cada serviço.

O CMR é um conjunto de regras que define como cada serviço será executado, o quê e como vai ser pago.

Fica fácil perceber, então, que existem particularidades entre os serviços, o que obriga que cada um tenha uma regra específica e que a cada uma dessas regras esteja associado um custo que retrate fielmente essa situação. Esse custo é calculado por meio de uma Composição de Custo Unitário (CCU).

Assim, cada serviço tem seu CMR, e por conseguinte uma CCU. Essa CCU retrata as regras estabelecidas pelo CMR associadas aos consumos de recursos. Esta trinca de conceitos está atrelada definitivamente uma à outra.

Porém, o CMR pode variar de acordo com o que determina o contratante.

Acrescente-se àquela trinca mais uma fator, o contratante. Então, cada serviço tem seu CMR definido pelo contratante e por conseguinte uma CCU. Essa CCU retrata as regras estabelecidas pelo CMR associadas aos consumos de recursos. Esta quadra de conceitos também está atrelada uma à outra.

Um exemplo simples, para ilustrar:

Na quantificação de um mesmo serviço para contratantes diferentes, chegamos a 3 resultados, sendo dois deles iguais, pois têm a mesma regra de desconto de vão.

E os quantitativos extraídos do modelo BIM, como são calculados? O procedimento padrão é descontar todo e qualquer vão, na sua totalidade.

Esse quantitativo não é, portanto, quantidade de serviço. É quantidade geométrica, que tem, sim, finalidade: a de calcular consumo de material para a compra.

As tabelas geradas sequer informam quais vãos foram descontados e qual a sua área.

Concluo que essa quantidade nem sempre pode ser usada no orçamento.

Essa foi a primeira dúvida que surgiu e, até o presente momento, não obtive resposta satisfatória, sem falar na estranheza ao se ouvir a minha questão e o seu argumento.

Não significa que não tenha conseguido fazer esse ajuste. Esse e outros tantos que, quando se conhece os dois processos, percebe-se que os mesmos podem ser incongruentes, caso não se debruce sobre a elaboração dessas tabelas e também sobre como se vai modelar.

Esse relato todo tem a intenção única de “levantar a lebre” e levar você à reflexão.

Tenho certeza de que você vai comungar com a minha discordância sobre a “quantificação automática e precisa”.

 

Por Rosângela Castanheira

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