Lucratividade Empresarial: O Norte Para Negócios Sustentáveis

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Lucratividade: A Chave para a Sustentabilidade do Seu Negócio — Como Evitar Erros Que Podem Levar à Falência

Entre os objetivos empresariais, o lucro ocupa o primeiro lugar. Sem lucratividade uma empresa não sobrevive por muito tempo e qualquer outro objetivo se torna insustentável.

Apesar de óbvio, alguns empresários negligenciam os objetivos de lucratividade de seus empreendimentos e acabam os levando a falência.

Existem diferentes formas de negligenciar a lucratividade de um negócio. Objetivos mal traçados, obsessões empresariais, ausência de controles financeiros, falta de rotinas de controle e análise, tomada de decisões sem fundamento, são algumas delas.

Objetivos mal traçados

Objetivos mal traçados acontecem quando existe uma confusão entre fim e meio.

Um exemplo desta situação pode ser encontrado em empresas rurais. É fato que um importante objetivo em fazendas é melhorar a produtividade por área plantada. A ideia é que, quanto mais se produz na mesma área, melhor. E isso é verdade, desde que o lucro gerado pelo aumento da produtividade também seja maior.

No entanto, em alguns casos, a produtividade se torna o objetivo “fim”, ocupando o foco único do produtor, que investe grandes somas em produtos, serviços e tecnologias de alto custo que acabam consumindo todo ganho gerado pelo aumento da produção – deixando o produtor muitas vezes com lucro menor. No setor, isso é conhecido como “produtivaidade”.

Por isso, todo investimento em processos, tecnologia, capacitação e inovação deve ter como finalidade melhorar os lucros da operação e não se tornarem simples projetos de status. Esses investimentos devem ser justificados como formas de se ganhar eficiência para gerar melhores lucros e competitividade.

Obsessões empresariais

Outro fator de desequilíbrio nas finanças são as obsessões e modismos empresariais. O mundo dos negócios é dinâmico e atualmente com o advento dos meios de comunicação, algumas ideias se difundem rapidamente para influenciarem comportamentos e desejos, muitas vezes sem critério, tornando-se verdadeiras obsessões.

Vejamos como exemplo a questão da “escala”. Basta observar alguns posts e reels nas redes sociais de influenciadores digitais no campo da gestão e do empreendedorismo que o espectador será inundado com mensagens e soluções de “como escalar o seu negócio”.  A ideia é que, negócio bom, é escalável. E se você não escalar, você será um fracasso.

Apesar de a escala ser uma das variáveis para aumentar os lucros empresariais, ela não é a única na fórmula e não funciona isoladamente. As margens, derivadas de preço de venda e custos, também tem uma relação direta com a lucratividade.

Alguns negócios exigem escala para serem viáveis em um mercado globalizado. Mas, outros, podem garantir bons retornos e satisfazerem as ambições dos envolvidos apenas com crescimentos incrementais.

Ainda, escalar pode ser uma estratégia que não condiz com o posicionamento do negócio, como por exemplo, negócios de exclusividade, luxo e escassez – negócios com grandes margens e altamente lucrativos. Veja como exemplo a Casa Santa Luzia na capital paulista, uma empresa com uma única loja, já na quarta geração e com mais de 90 anos no mercado.

Por estas e outras razões, escalar pode ser bom ou não. O que não pode é se tornar uma obsessão e levar a empresa a falência durante a expansão mal projetada ou mal gerida.

Ausência de controles financeiros

No tocante a gestão, para gerir as finanças e garantir os lucros, seja em momentos de crescimento ou mesmo nas operações cotidianas, são necessários instrumentos de controle, como o Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE) e o fluxo de caixa, para acompanhar as transações e resultados do negócio.  

Esses controles podem ser feitos em planilhas ou em sistemas mais complexos. O importante é que, seja qual for o meio, este entregue as informações corretas, precisas e em tempo hábil para a análise e tomada de decisões.

De forma geral, pode-se dizer que os controles e acesso às informações são mais estruturados em grandes empresas do que em pequenas e médias (PME). Mas, por diferentes motivos, empresas de todos os portes muitas vezes carecem de controles adequados.

Os problemas encontrados nos controles financeiros vão desde a ausência dos mesmos, até a não usabilidade dos sistemas por falta de uma implantação eficaz, como já explicado no artigo “Dicas para aproveitar ao máximo seu sistema de gestão”.

No caso das PMEs, é comum que o controle financeiro se resuma a um controle de caixa e de conferência de extratos bancários. O instrumento de controle de resultados, o DRE, onde é possível aferir e monitorar os lucros do negócio, não existe. Veja mais sobre os principais desafios de DRE para pequenas e médias neste artigo.

Dessa forma, não é possível compreender a real lucratividade do negócio para tomar decisões assertivas e garantir sua sustentabilidade econômica. Neste cenário, as decisões sobre investimentos, gestão de custos e despesas, precificação de produtos, entre outras, são tomadas sem fundamento e afetam de forma negativa os lucros da empresa.

Em tempos de transformações aceleradas, manter o foco na lucratividade empresarial é mais do que uma meta financeira — é uma estratégia de sobrevivência e prosperidade. Investir com clareza de propósito, entender os limites de cada modelo de negócio e implementar controles eficazes são atitudes que distinguem empresas sustentáveis daquelas que apenas aparentam sucesso. O lucro, neste contexto, não é apenas resultado — é sinal de que os fundamentos estão sendo bem conduzidos.

Por Joaquim Alvarenga. MBA, consultor em gestão estratégica empresarial.